
Cuidar das unhas vai além de frequentar salões de beleza e esmalterias. Essa região do corpo, conhecida tecnicamente como lâmina ungueal, pode refletir diversos aspectos da saúde.
Por isso, é essencial estar atento a alterações na cor, aparecimento de manchas e outros sinais que podem indicar possíveis doenças.
Diante de qualquer mudança suspeita, o ideal é procurar um dermatologista para uma avaliação detalhada. O médico pode solicitar exames como hemogramas e, se necessário, uma biópsia em casos mais graves.
Algumas doenças sistêmicas podem afetar diferentes partes do corpo, incluindo as unhas das mãos e dos pés. Entre as principais causas de alterações ungueais estão problemas renais, dermatológicos, hepáticos, endócrinos, nutricionais e condições autoimunes.
A boa notícia é que nem toda mudança nas unhas indica um problema de saúde sério — muitas vezes, elas são apenas reflexos da rotina.
Unhas esbranquiçadas
A mudança na cor das unhas deve ser observada com atenção, especialmente quando foge do padrão habitual. Um tom esbranquiçado, por exemplo, pode estar associado a micoses, psoríase, pneumonia e até insuficiência cardíaca.
Além disso, a deficiência de certos nutrientes, a desnutrição e uma dieta pobre em proteínas também podem causar esse tipo de alteração. “Unhas mais pálidas podem ser um sinal de anemia, provocada pela falta de ferro, podendo até adquirir um formato mais côncavo, semelhante a uma colher”, explica a dermatologista Juliana Piquet, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da American Society of Laser for Medicine and Surgery.
Outra condição comum é a leuconíquia, caracterizada pelo surgimento de manchas brancas na unha devido a alterações na sua estrutura. No entanto, essa condição é inofensiva e não representa um problema de saúde.
Para tratar essas alterações, é essencial identificar a causa subjacente. Os médicos geralmente recomendam exames específicos e acompanhamento com um dermatologista, além de outros especialistas conforme a origem do problema, como cardiologistas e nutricionistas.
Unhas amareladas
A cor das unhas pode ser influenciada por fatores genéticos ou pelo envelhecimento natural, tornando-as mais espessas e amareladas.
Além disso, alterações na tonalidade podem ser causadas por infecções fúngicas, como micoses, e, em casos mais graves, estar associadas a condições como psoríase, HIV e doenças renais.
O hábito de fumar também pode impactar a coloração das unhas, especialmente nas dos dedos polegar e indicador, devido ao contato frequente com o cigarro.
Unhas com pontos brancos
Eles estão ligados à dermatite atópica, psoríase e outras doenças de pele e cabelo. “Quando o furo é certinho pode estar ligado à alopecia areata. Nesse caso, tem que tratar a doença de base, que é a condição no cabelo”, explica Juliana Toma, dermatologista pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e com pós-graduação no Instituto Sírio Libanês. Em casos raros, também podem indicar infecções sexualmente transmissíveis, como sífilis.
Unhas azuladas
Embora seja mais rara, essa pigmentação pode aparecer por causa do uso de medicamentos específicos. Um dos mais comuns são os que tratam acnes e também os antimaláricos que, como o nome já sugere, são usados para tratar a malária.
Quando isso ocorre, o médico deve avaliar se é necessário suspender determinado remédio e seguir com uma nova linha terapêutica. “É observado se a unha é a única manifestação e efeito colateral aceitável”, reforça Valéria Zanela Franzon, da PUCPR.
Unhas com micoses recorrentes
O problema aparece com maior prevalência na unha dos pés e deve ser tratado por até seis meses. Já nas mãos, o indicado é de três a quatro meses. O ideal é que a pessoa respeite o tempo certo de cada remédio e espere que o médico diga quando ele pode suspender os cuidados necessários.
Em paralelo, o recomendado é evitar situações e lugares que o exponham ao risco de contaminação, como piscinas, saunas, calçados apertados e quentes.
Unhas com linhas
Conhecida como linha de beau, elas são semelhantes a traços na horizontal, e podem surgir depois de uma febre alta e após tratamentos quimioterápicos. Quando ocorrem traumas na região também é normal que se formem linhas neste lugar, deixando a unha mais amassada.
Quando as linhas são escuras, e aparecem em um único dedo, o quadro pode indicar um melanoma, que é um câncer de pele.
Unhas quebradiças
A causa mais frequente, segundo as especialistas, é o contato com produtos químicos e que ressecam a parte das unhas e dedos. O ideal é sempre passar creme nessa parte do corpo e fazer com que a pele fique bem hidratada.
Outro motivo muito comum é uma dieta com baixo teor proteico, de biotina (conhecida também por B7) e outras vitaminas do complexo B. No caso de pacientes vegetarianos e veganos, o ideal é fazer uma suplementação de B12 e outros nutrientes para evitar que as unhas quebrem com frequência.
Unhas vermelhas
O tom avermelhado, principalmente em formato de meia lua, pode indicar a presença de doenças reumatológicas como lúpus e artrite reumatoide.
Já o vermelho, ao redor da pele nesta região, pode ser provocado por fungos e bactérias, que “invadem” a unha após a retirada da cutícula. “Cutícula é proteção. Culturalmente, nós a retiramos, mas o ideal é nunca fazer isso. O recomendado é hidratar e não empurrar com força”, afirma Piquet.
Unhas com ondulações
Isso ocorre, principalmente, por causa da retirada de cutícula semanalmente. As ondulações podem surgir devido à força excessiva da espátula e outros materiais durante a esmaltação.
As especialistas também alertam e contraindicam a colocação de unha em gel. O processo de remoção é agressivo e pode deixar a camada da unha muito fraca e machucada.
Quando há problemas de cicatrização em regiões próxima à unha, como nas bordas laterais ou na cutícula, pode ser um indicativo de diabetes.
Isso ocorre devido ao processo circulatório, que pode estar associado com a doença e até com hemorragias.
“O diabetes mais avançado deixa a circulação deficitária. A unha fica feia, grossa e com manchas. Pode até ter pontos pretos que são conhecidos como hemorragia de estilhaço”, conclui Piquet.
Fonte: BBC News Brasil
Data: 21/02/2025